A Polícia Civil do Paraná (PCPR) está nas ruas, na manhã desta terça-feira,12, para cumprir doze mandados judiciais, sendo oito de busca e apreensão domiciliar e cinco de sequestro de bens, em razão de um esquema de corrupção, que gerou um prejuízo superior a R$1 milhão ao Estado. A organização criminosa era comandada por uma servidora pública, de 55 anos, responsável pela Secretaria da Diretoria Clínica do Hospital Universitário de Londrina.
Vinte e seis policiais civis participarão da operação. No decorrer da ação, a PCPR pretende realizar o sequestro dos seguintes veículos: Hunday Santa Fé, Aircross 1.6 Shineiat, Fiat Strada Advent Flex, C4 Cactus 1.6 Thp Shine e Fiat Toro Volcano. Podendo ainda, outros bens serem apreendidos.
INVESTIGAÇÕES – As investigações tiveram início no mês de outubro de 2017, por meio de denúncias do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE). Entretanto, a servidora faleceu no mesmo mês, antes de prestar esclarecimentos sobre o esquema. A mulher era suspeita de fraudar processos de licitação para a contratação de serviços médicos por meio de empresas terceirizadas – gerando assim, pagamentos indevidos.
Conforme apurado pela PCPR, a servidora copiava o Registro Demonstrativo de Frequência de Trabalho de um médico contratado por uma empresa lícita e lançava junto no processo de pagamento de uma empresa que era de propriedade do companheiro de um de seus filhos, um homem de 26 anos, envolvido no esquema. Ou seja, o mesmo trabalho era lançado duas vezes, o verdadeiro e o fraudulento.
De acordo com as diligências, o genro da mulher ainda lançava notas fiscais com valor superior aos serviços prestados por médicos legalmente contratados, para que a servidora pudesse justificar os gastos ao Estado.
No ano de 2018, a empresa de uma médica recém-formada, de 29 anos, também envolvida no esquema, que era responsável técnica na empresa do genro da servidora, ganhou um pregão licitatório para prestação de serviços médicos. Desta forma, as fraudes continuaram a acontecer da mesma maneira, porém os lançamentos irregulares passaram a ser realizados em nome das duas empresas – constituídas apenas para fraudar procedimentos licitatórios e roubar dinheiro do Estado.
No decorrer das investigações, a PCPR descobriu, ainda, que há suspeitas do envolvimento de uma terceira empresa no esquema criminoso. Esta teria recebido um pagamento no valor de R$ 295 mil e repassado, a pedido da servidora, ao seu genro e à médica recém-formada. A empresa prestava serviços ao Hospital Universitário na contratação de médicos anestesistas e teria repassado esse valor para os envolvidos, alegando que eles haviam sido contratados por meio dela para trabalhar no hospital. Importante ressaltar que a médica não tinha especialização na área e o genro da servidora não tem formação em Medicina, pois na verdade, era estudante de Medicina Veterinária.
ENVOLVIDOS – Além do genro da servidora, da médica recém-formada e do proprietário da terceira empresa envolvida com o esquema, a PCPR também investiga o filho da servidora, o irmão de seu genro, o marido da servidora e a ex-diretora clínica e superintendente do Hospital Universitário de Londrina, que atuava na época em que ocorreram a maior parte do desvio da verba pública. A Justiça concedeu a quebra de sigilo fiscal e bancário de todos os envolvidos para auxiliar na investigação.
Todos eles foram indiciados por peculato, falsificação de documento público, fraude à licitação, organização criminosa e lavagem de capitais.
ESPELHO FALSO – A operação foi batizada como “Espelho Falso”, pois espelho é o nome popular que os servidores do Hospital Universitário de Londrina usam para denominar o Registro Demonstrativo de Frequência, que era copiado pela servidora para consumar o crime.