Muitas regiões brasileiras conseguiram realizar o plantio da segunda safra de milho de maneira antecipada e dentro de janelas positivas de semeadura. Isso ajudaria a evitar geadas no final do ciclo no Paraná e Mato Grosso do Sul, além de um melhor aproveitamento das chuvas de verão de fevereiro e março no Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
Porém, o real cenário foi diferente do que se esperava. O Analista de Culturas da EarthDaily Agro, Felippe Reis, aponta que, diferente do esperado, houve volumes de chuvas baixos, principalmente no Mato Grosso do Sul e no Paraná, além de temperaturas acima das médias.
“As temperaturas elevadas aumentam a evapotranspiração e essa combinação de seca + calor resulta em uma grande queda na umidade do solo. No início do ciclo isso não é tão problemático, porque a planta precisa de menos água, mas com muitas regiões se encaminhando para floração, a necessidade de água é maior e não se viu essas chuvas”, diz Reis.
O Presidente do Sindicato Rural de Palotina no Paraná, Edmilson Zabot, classificou a segunda safra de milho do município como “extremamente crítica” após pouca chuva e temperaturas muito elevadas, com sensação térmica de até 46 °C.
“Nós temos áreas 100% perdidas, temos outras áreas com 50% da colheita já comprometida e as outras áreas já com perdas entre 30 e 40% que são áreas com chuvas muito localizadas e onde pegou ainda salvou alguma coisa”, conta Zabot.
O cenário também é preocupante na região de Laguna Carapã no Mato Grosso do Sul. Por lá, apenas 20% das lavouras estão com desenvolvimento bom, enquanto os 80% restantes se encontram em situação crítica e perdendo potencial produtivo.
“Se der alguma chuva o milho pode ainda produzir 30 ou 40 sacas por hectare, mas o cenário mostra que as chuvas estão longe. A situação é crítica com o milho está morrendo nas lavouras, está um calor insuportável e a gente olha as lavouras estão muito murchas, com as folhas virando ao contrário”, destaca Antônio Rodrigues Neto, Técnico Agrícola da Casa da Lavoura de Dourados.
No Paraná o que está ruim pode ficar ainda pior
A EarthDaily Agro destaca que, para os próximos dias, tanto o modelo europeu, quanto o modelo americano, mostram chuvas para Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e partes do Mato Grosso do Sul, podendo até estar acima das médias.
Porém, para o Paraná, ambos os modelos mostram chuvas baixas e a umidade do solo deve diminuir e ficar ainda pior.
“A umidade do solo no Paraná até está próxima da média na metade Sul, mas na parte Norte já está abaixo”, destaca Reis.
“Vamos precisar buscar renegociação de dívidas de custeio e investimentos e buscar políticas públicas voltadas para esses produtores que vão ser afetados, que vem vários anos acumulando problemas. Em Palotina temos uma planta frigorífica que emprega 14 mil funcionários, mas para fazer todas as cadeias de produção de frango, peixe, suíno e leite, precisamos do insumo que é o milho”, alerta Zabot.
O Presidente da AssoSoja, Rodrigo Tramontina, destacou as previsões de seca para a primeira quinzena de abril, o que pode trazer mais problemas para as lavouras de milho já afetadas no estado paranaenses.
Outra praga que chamou a atenção dos produtores nesta safra foi a mosca branca, já vindo de uma pressão muito elevada da safra de soja 23/24. “A mosca branca ocupou o destaque no cenário nacional de praga, eu nunca vi um ataque tão intenso de mosca branca como esse ano. A mosca branca usa o milho como cultura de abrigo e nunca vimos relatos de mosca branca se alimentando e causando danos no milho, mas também nunca tínhamos visto relatos de mosca branca gerando ninfas no milho e neste ano eu vi em várias lavouras isso”, alerta Garollo.
Além desses relatos, Vivan destaca a importância de se manter atento para outros desafios, como ácaros e tripes. “Os produtores precisam ficar atentos ao problema de ácaro, que pode ocorrer nessa safra, devido a condição climática e pressão maior da população na cultura da soja que antecedeu o milho. Também, deve-se ficar atento a presença de tripes, já que as condições ambientais propiciaram altas infestações na cultura da soja, essas populações podem ser maiores e ocorrerem na cultura do milho”.