Empresas japonesa e chinesa conhecem detalhes da estrada de ferro que vai cruzar o Paraná

Estatal chinesa e empresa japonesa de infraestrutura se reuniram com o Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário para conhecer o projeto da Nova Ferroeste, que ligará Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Litoral do Paraná.

Executar uma obra com as dimensões da Nova Ferroeste, com 1.285 quilômetros de extensão, requer, além de alto investimento, larga experiência na construção e operação de estradas de ferro. O projeto, ainda em fase final de estudos, chamou a atenção da empresa chinesa CREC 10 e da japonesa Mistui & Co, que nesta segunda e terça-feira (23 e 24) participaram de reuniões com o Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário para conhecer detalhes do empreendimento.

O primeiro encontro foi com a estatal chinesa CREC 10, uma das subsidiárias da China Railway Group, uma gigante do setor de infraestrutura. “Estamos acompanhando esse projeto de longe há algum tempo”, disse a chinesa Zhu Xingyi, representante da empresa.

A conversa foi conduzida pelo coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, que apresentou dados preliminares do Estudo de Viabilidade Técnica Ambiental e Jurídica (EVTEA-J) e do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). “A execução dessa obra vai transformar o Mato Grosso do Sul e o Paraná no segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres refrigerados do país”, destacou ele, durante a apresentação.

O grupo CREC possui mais de 40 empresas em diversos segmentos. A CREC 10 está presente em seis países da América Latina, incluindo o Brasil. A estatal foi responsável pela construção dois terços da malha ferroviária da China, num total de 140 mil quilômetros de trilhos. A empresa está entre as duas maiores concessionárias de ferrovias no mundo. Nos últimos oito anos instalou cerca de 70 mil quilômetros de trilhos em diversos países. “Um projeto como o da Nova Ferroeste é muito fácil de ser assumido por uma empresa como essa, eles têm capital de giro, tem tecnologia para isso e está aqui no Brasil”, disse Fagundes.

“Entendemos o desenvolvimento do Estado como resultado desse projeto”, disse Xinguyi, ao solicitar o agendamento de um novo encontro presencial para conhecer as regiões por onde vai passar a nova ferrovia, além da estrutura portuária do Paraná.

Para o coordenador estadual, é essencial eles se familiarizarem com o setor produtivo e o setor portuário. “Tudo isso será conectado pela ferrovia e eles entendem que esse é um projeto muito importante para o Brasil e querem participar”.

JAPONESA – Nesta terça-feira a conversa do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário foi com representantes da japonesa Mistui & Co. O grupo atua no Brasil no setor automotivo, de máquinas e em projetos de infraestrutura e logística. Atualmente possui 6 mil vagões locados para empresas do transporte ferroviário que atendem ao mercado nacional.

Durante a conversa foram avaliadas questões técnicas, ambientais e estruturais. Os dados relativos ao investimento e características específicas do projeto também foram apresentados e discutidos com os representantes do grupo japonês. “Eles entenderam que os apontamentos dos nossos estudos estão coerentes com as análises que têm sobre o Brasil”, avaliou Fagundes.

NOVA FERROESTE – O projeto prevê a construção de uma estrada de ferro ligando Maracaju (MS) a Paranaguá, além de um ramal de Foz do Iguaçu a Cascavel. O investimento é estimado em R$ 30 bilhões. Serão 1.285 quilômetros de trilhos que devem escoar cerca de 26 milhões de toneladas de produtos para o Porto de Paranaguá no primeiro ano de operação. Este será o segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres refrigerado do país.

Hoje a Ferroeste (ferrovia já existente) opera o trecho entre Cascavel e Guarapuava, com 248 quilômetros. A desestatização da Ferroeste prevê a revitalização e modernização do trecho atual e a construção da nova estrada de ferro nos dois sentidos para ligar os dois estados, passando por 49 municípios, 41 deles no Paraná.

Dois grandes estudos estão em andamento. O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) será finalizado em setembro e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) termina em novembro. Em janeiro e fevereiro serão realizadas as audiências públicas em todas as regiões do traçado. A intenção é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, no primeiro trimestre de 2022. O consórcio que vencer a concorrência será responsável, também, pelas obras e poderá explorar a ferrovia por 60 anos.

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