Justiça manda soltar homem preso há nove meses por crime que não cometeu em Londrina

William Salmaso está preso desde novembro de 2018 pela suspeita de participar de um tiroteio na frente do Centro de Reintegração Social. Policial responsável pelas investigações reconheceu, em depoimento à Justiça, que preso não teve participação no fato.

A Justiça mandou soltar um homem que ficou preso ilegalmente por nove meses em Londrina, no norte do Paraná. A decisão foi tomada após um policial civil reconhecer que a prisão ocorreu de forma indevida.

William Salmaso foi preso em novembro de 2018 suspeito de atirar contra internos do Centro de Reintegração Social (Creslon) que estavam deixando a unidade para visitar as famílias. O confronto deixou dois feridos e foi registrado por câmeras de segurança.

A Policia Civil investigou o caso e um investigador afirmou que na época um dos envolvidos era William Salmaso. O policial afirmou que reconheceu Salmaso nas imagens.

Nove meses depois da prisão, na audiência de instrução, realizada na segunda-feira (12), esse mesmo policial reconheceu, em juízo, que William não estava envolvido no caso, era outra pessoa que aparecia nas imagens, e pediu que ele fosse inocentado.

" Na audiência de instrução, o policial responsável pelas investigações disse que teve certeza que não era o William porque teve acesso a outras mídias quando realizava investigações sobre outro caso. No fim, esse policial também disse que William estava preso de forma injusta”, detalhou a advogada Aline Capocci.

Outros depoimentos também confirmaram a versão do homem preso injustamente. A advogada diz que agora a família pretende pedir indenização ao estado pelo transtorno.

“Precisamos reconhecer a honestidade do policial em ter ido na audiência e dizer que a prisão foi injusta. Mas, por outro lado, se não houvesse a outra investigação, possivelmente ele seria levado a júri popular e condenado pela sociedade”, finalizou a advogada.

Nesta sexta-feira (16), William segue preso no Creslon.O que diz a polícia e o MP

Por meio de nota, a Polícia Civil do Paraná informou que sua principal missão é a busca pela verdade no esclarecimento dos crimes.

Esta atuação, por vezes, não se encerra com o encaminhamento do Inquérito Policial à justiça. Foi isto o que aconteceu neste caso específico. As investigações continuaram e o policial civil relatou ao juiz, que o réu não era a pessoa nas imagens, contribuindo com a verdade e a justiça.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou que, com relação ao processo, foram observados todos os trâmites do devido processo legal, sendo de cunho processual a manifestação do MP-PR quanto à prisão no caso. A promotoria destacou que o mérito do processo não foi julgado.

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