O Projeto Mulheres que Inspiram e não Piram, vem este ano com sua 2ª edição para homenagear as mulheres que são fontes de inspiração a essa e às futuras gerações. Mulheres que abraçaram as causas humanísticas em prol do outro, de uma sociedade mais solidária, que suscitam bons exemplos a serem seguidos. Exemplos de luta, coragem, determinação, de trabalhos voluntários.
Em sua 2ª edição serão homenageadas 5 mulheres que foram escolhidas por uma comissão com integrantes de diversos setores da sociedade palotinense, coordenado pelo Conselho de Segurança da Mulher de Palotina, tem como mentora e colaboradora do projeto a promotora Dra. Cristiane Aparecida Ramos e as empresas colaboradoras: Salão New Look, Vivi Campos Fotografias, Centro de Estética Belezzá e Badulak´s Flores e Eventos.
A partir dessa edição daremos conhecimento às eleitas de 2019.
GENI LUCILA BURKHARD GRIS
“Somos felizes porque a vida nos ensinou a amar incondicionalmente”
De professora a diretora, passando por secretária e coordenadora. Foram muitas as funções exercidas por Geni Lucila Burkhard Gris, 72 anos, quase cinco décadas dedicadas à educação. Com os pais, Ervino José e Elzira, as primeiras lições de amor e os valores éticos.
Estudiosa e dedicada sempre foi bem-sucedida em seus aprendizados. Destacava-se por gostar de cantar, declamar e participar de teatros em datas festivas. Desde muito cedo enfrentou desafios. Para chegar à escola, em dias de frio e chuva, pegava carona com a carrocinha do padeiro que passava em frente à sua casa.
Sua primeira experiência no mercado de trabalho foi no comércio adquirido pelos pais e, aos 15 anos, optou pela arte de ensinar como auxiliar de alfabetização.
Em 1968, a família trocou o Rio Grande do Sul por Palotina. Aqui, conseguiu realizar o sonho de cursar o Ensino Médio. Formou-se na Escola Normal na mesma época em que já fazia da sala de aula um verdadeiro laboratório. “As crianças aprendiam com alegria. A escola era uma extensão familiar”, comenta a professora.
Cursou Pedagogia, graduação que ampliou seus conhecimentos e abriu as portas para a aprovação em concursos públicos se efetivando no exercício do magistério. Mais tarde, formou-se em Ciências Físicas e Biológicas, em 1982, e Biologia, em 1995 – graduação que despertou seu espírito científico. Como pós-graduada, concluiu a especialização em Alfabetização e, em 1997, Biologia. Geni afirma que o segredo do sucesso é “gostar do que faz e acreditar na importância de se amar em primeiro lugar para assim fazer feliz as pessoas próximas”.
Teve passagens pelo Colégio Agrícola, Colégio Estadual Barão do Rio Branco, Colégio Estadual Santo Agostinho, CEEBJA – Educação de Jovens e Adultos, Colégio Gabriela Mistral e Escola Monteiro Martins Franco – antiga Escola Mater ter Admirábilis onde iniciou a nobre missão de ensinar. Foi diretora da Escola Primária Noturna Visconde de Mauá, coordenadora da Escola Normal Colegial Estadual Dr. João Cândido Ferreira, supervisora na Escola Estadual Barão do Rio Branco, secretária na Escola Estadual Vereador Luiz Moacir Percicotti e chefe de Ensino do Departamento de Educação Municipal. Foi diretora da Escola Estadual Tancredo Neves e supervisora do Colégio Gabriela Mistral.
Ministrou os cursos de Atualização em Elementos para o Planejamento Curricular de 1ª a 4ª séries, de Atualização em Atividades de Integração Social – Projeto Memória, de Psicologia da Criança e Educação Social e treinamento de professores municipais. Seu currículo traz ainda como produção intelectual a monografia Pré-Escola – Uma Proposta Curricular Sexualidade, um desafio – uma revisão crítica.
Destaca-se como profissional o seu jeito de ensinar. No Magistério, as aulas das mais diversas disciplinas transcendiam os conteúdos curriculares deixando a experiência do aprendizado prazeroso. Em dinâmicas organizadas e protagonizadas pelas próprias alunas a professora deixava um pouco de si em cada uma das alunas com sua forma peculiar de coordenar e ensinar. Carinhosa e dedicada, seu foco era preparar suas seguidoras para o desempenho do magistério a fim de despertar na criança e no jovem o amor e respeito pela natureza, formando pessoas comprometidas consigo e com a sociedade.
Boa parte da sua trajetória profissional foi dedicada a preparar os estudantes para uma das etapas mais desafiadoras de suas vidas: o vestibular. A rotina era árdua, mas entre as cobranças e obrigações havia espaço para boas risadas e cumplicidade.
Não fosse assim, como explicar as afetuosas demonstrações e gestos de carinho e gratidão nos reencontros da vida? Na rua, no restaurante ou nos consultórios não é difícil esbarrar em alguém que no passado, distante ou não, estivesse em sua lista de chamada. Na época, alunos sonhando com um futuro promissor, hoje profissional com carreiras bem-sucedidas e pais de família, sempre com um abraço e palavras de gratidão à antiga professora.
O tempo, antes dedicado à sala de aula, agora é explorar talentos artísticos. No atelier, entre risadas e cuias de chimarrão, as pinceladas ganham cores e formas no tecido. No Clube da Mulher o desafio é um pouco maior, já que a habilidade com o crochê e bordado ainda estão sendo aperfeiçoados. Afinal, sempre há tempo para aprender algo novo, melhor ainda se o aprendizado vier em tardes descontraídas, com trocas de experiências e boa companhia.
Não menos divertidas são as aulas semanais de dança terapia, responsáveis pela nova relação com essa arte. Até pouco tempo, dançar era só nos salões dos bailes e matinês da terceira idade, feliz idade. Hoje, dançar é ensaiar coreografias, seguir o ritmo da música e subir no palco em festivais. Difícil descrever a emoção da primeira apresentação e de ser aplaudida.
Mãe e avó extremamente amorosa. A vida lhe deu três filhas maravilhosas: Pollyanna, Rosângela e Niama. No decorrer dos anos foi agraciada com três genros, dois netos e uma graciosa neta, que vieram para completar o colorido da tela de sua existência. Pela graça de Deus manifesta muito amor e gratidão. “Somos felizes porque a vida nos ensinou a amar incondicionalmente”, conclui.