Os portos do Paraná movimentaram no primeiro semestre deste ano mais de US$ 14 bilhões em mercadorias legais. As exportações representaram 56,5% desse valor e geraram US$ 8 bilhões em receita. A soja foi o principal produto exportado via Paranaguá, com um total de US$ 2,13 bilhões, seguida da carne de frango, com receita de US$ 1,9 bilhão.
Se o leitor for pesquisar os dados oficiais sobre o terceiro produto no ranking das exportações desse mesmo período no principal terminal portuário paranaense, em valor gerado, vai encontrar que foi outro produto agropecuário: o farelo de soja, com US$ 1 bilhão. Uma análise mais detalhada, no entanto, mostrará que pode não ser bem isso.
Somente entre sábado e ontem, mais 880 quilos de cocaína pura foram apreendidos em Paranaguá por agentes da Polícia Federal e da Receita Federal. Isso elevou para nada menos que 9.874 quilos o montante desse entorpecente apreendido desde o início do ano dentro do porto, isso tudo camuflado em meio a produtos lícitos contidos em contêineres cujo destino era a Europa. Nesses dois últimos casos o ponto de entrega era o porto de Antuérpia, na Bélgica.
Levando em conta as estimativas do preço da droga adotadas não só pela Receita e pela Polícia Federal brasileiras, mas também pelo Undoc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, na sigla em inglês), chega-se à conclusão de que só a cocaína apreendida em Paranaguá renderia no mercado internacional algo próximo US$ 1,2 bilhão, ou seja, 20% mais que todo o farelo de soja embarcado em Paranaguá nos primeiros seis meses de 2019.
E olha que o terminal paranaense nem é o mais usado pelos traficantes. Segundo balanço da Receita Federal, no Porto de Santos (SP) foram apreendidas 10,1 toneladas de cocaína só nos primeiros cinco meses deste ano.