O furor do empréstimo no futebol europeu: por que as transferências reinaram no mercado do último passe

Na Liga Espanhola, Serie A Italiana e Premier League Inglesa, esta modalidade foi a mais utilizada para contratações.

Na Liga Espanhola, Serie A Italiana e Premier League Inglesa, esta modalidade foi a mais utilizada para contratações.

O laissez-faire que regeu os mercados europeus de passes de futebol começou a vacilar, com a última janela de transferências a ser um verdadeiro golpe para as ilusões dos torcedores de transferências.

Eram dias e dias de expectativa, esperando por Neymar, Paul Pogba ou Gareth Bale para chutar a prancha e ir para outro time, mas tudo acabou em nada.

As inscrições para a temporada 2019/20 foram muito limitadas comparativamente com os anos anteriores. Os clubes, anteriormente habituados a mercados sem fórmulas complexas ou conceitos proprietários, eram vistos com água quase à volta do pescoço pelos controlos financeiros cada vez mais rigorosos da UEFA.

Nos escritórios inventam múltiplas manobras para construir seleções competitivas, o que levou ao crescimento de uma modalidade específica em termos de transferências: os empréstimos de futebolistas.

O mercado de transferências tem vindo a mudar

As transferências de Mauro Icardi do Inter para o PSG, Philippe Coutinho do Barça para o Bayern e Alexis Sanchez do Manchester United para o Inter foram emprestadas. Neste mercado, clubes do calibre do Real Madrid ou do Arsenal FC utilizaram este recurso para incorporar jogadores como Alphonse Areola, campeão do mundo, ou Dani Ceballos, campeão europeu U21.

As transferências vieram para ficar e revolucionaram o mercado de transferências do futebol europeu.

Os números dizem tudo. De acordo com uma análise do Financial Times, em 1992, os empréstimos a jogadores representavam apenas 6% de todas as transferências nas cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França).

Mas, há uma década, começaram a representar 20% de todos os movimentos e, no último mercado, significavam 29%.

Além disso, segundo o Transfermarkt, no Campeonato Espanhol, na Premier League e na Serie A houve pela primeira vez mais transferências do que transferências definitivas.

"O controlo financeiro da UEFA impôs uma mudança na forma como se move no mercado, e as transferências permitem reduzir o custo inicial, especialmente porque o empréstimo com opção de compra obrigatória foi inventado por se tratar de uma compra secreta.

Afinal, é preciso pagar, mas isso permite 'chutar a bola para a frente' e resolver problemas financeiros naquele ano", explica Mario Husillos, diretor de esportes do West Ham United.

O "paradigma Mbappe"

Tudo começou há dois mercados, antes da temporada 2017/18, quando Neymar se tornou o jogador mais caro da história, passando do FC Barcelona para o Paris Saint Germain por 222 milhões de euros.

Mas, por sua vez, o clube parisiense incorporou Kylian Mbappé, que era perfilado como a futura estrela do futebol mundial. Essa mudança implicou uma despesa injustificável e contrária às regras financeiras da UEFA, pelo que o PSG recorreu a uma manobra sofisticada para a concretizar.

Luis Ferrer, membro da secretaria técnica de Paris Saint Germain, participou desta operação.

"A operação do Mbappé não foi especificamente um empréstimo. Era assim conhecido porque os primeiros grandes pagamentos foram feitos na época seguinte e não alteraram o orçamento do clube.

Como foi na mesma campanha que o Neymar e o Fair Play Financiero não o permitiram, foi encontrada uma solução com a AS Monaco para pagar a primeira prestação no ano seguinte.

Tudo foi arranjado. Por razões jurídicas da Federação Francesa, para autorizar a operação, foi estabelecida uma cláusula para ativar essa opção de compra: o PSG tinha de conseguir a permanência na primeira divisão. Uma pequena quantia foi paga e no ano seguinte começaram os grandes pagamentos", disse Ferrer.

Como vê, os mercados de transferências movimentam cada vez mais dinheiro.

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