A sigla VPN parece nunca ter estado tanto em evidência no Brasil quanto nas últimas semanas. Porém, nem sempre se explica exatamente de que se trata: um serviço ilegal? Uma ferramenta de segurança virtual? Um programa para uso corporativo?
Nenhuma das alternativas acima está correta. Uma VPN é uma rede privada virtual (Virtual Private Network, em inglês), que é um tipo de serviço que proporciona um incremento importante de cibersegurança e privacidade virtual. As vantagens serão detalhadas mais adiante, mas uma delas colocou a VPN no centro de uma polêmica nacional.
No fim de agosto, um ministro do Supremo Tribunal Federal deu a ordem de suspender a rede social X no Brasil. Em sua decisão judicial, depois referendada por outros colegas, ele determinou que as lojas de aplicativos parassem de disponibilizar aplicativos de VPN e que os usuários desse tipo de programa especificamente para acessar o X seriam multados em R$50 mil por dia.
Alguns dias depois, a determinação da retirada das lojas de apps foi suspensa, mas a imputação de multas foi mantida. Na visão do ministro, a função de navegar de maneira privada e “camuflando” a geolocalização que uma VPN proporciona permitiria furar o bloqueio ao X.
Acesso seguro e para que serve uma VPN
Primeiramente, é importante ressaltar que o uso de VPN no Brasil não é ilegal. A determinação de multa, contestada em juízo por partidos políticos e associações da sociedade civil, é aplicável somente ao uso de VPN para acessar o X em território nacional.
De fato, é difícil que o tribunal consiga determinar se essa medida foi descumprida. Primeiramente, dezenas de empresas fornecem esse tipo de serviço e boa parte delas não mantém registros específicos de qual cliente acessou qual site. Em tese, seria mais fácil descobrir o acesso ao X conferindo se os usuários brasileiros publicaram na plataforma depois da decisão judicial.
Qualquer que seja o caso, o banimento do X não é o único e nem o principal motivo para que serve uma VPN. Há algumas boas razões para considerar incorporar essa ferramenta na navegação diária:
Privacidade aumentada
Cada empresa provedora de VPN oferece uma diversidade de servidores para se conectar distribuídos por diferentes países. Ao estabelecer a conexão com um desses servidores, a identidade do dispositivo do cliente fica preservada.
Esse ganho de privacidade impede que terceiros identifiquem a real localização do cliente. Além de coibir vazamentos de dados de geolocalização e identificação do dispositivo online, essa função também permite furar bloqueios geográficos – como o imposto em plataformas de streaming para certos conteúdos, o bloqueio ao X no Brasil, etc.
Mais segurança digital
Uma conexão VPN tem como característica importante o “tunelamento”. É a criação de uma espécie de túnel digital seguro para a navegação, dentro do qual todas as comunicações são protegidas com criptografia. Dessa forma, apenas o emissor e o receptor das comunicações têm acesso a elas durante a navegação.
Essa função fez com que a VPN se popularizasse primeiro no mundo corporativo, onde é especialmente delicado expor a conexão entre os computadores de uma empresa a eventuais invasores, criminosos e terceiros em geral. Com a pandemia de 2020, tornou-se mais comum instalar VPNs nos laptops para fazer trabalho remoto reduzindo os riscos com ciberameaças na navegação online.
Funções adicionais
Com a grande competitividade entre empresas de VPN, muitas marcas diversificaram suas ofertas, inserindo ainda mais funcionalidades para potencializar a privacidade e a cibersegurança.
A Kill Switch é uma dessas funções: ela protege os dados de navegação instantaneamente se a conexão VPN cair. O compartilhamento seguro de arquivos com criptografia, os bloqueadores de anúncios e de rastreadores online são outros exemplos de atributos que muitas empresas vêm agregando aos serviços de VPN.
Em suma, uma VPN se tornou um tipo de ferramenta básica para preservar uma navegação segura e privada num contexto em que dependemos cada vez mais de serviços digitais para resolver coisas da vida real. O uso crescente de rastreadores por sites e aplicativos, os riscos de fraude e contágio por vírus, as restrições à liberdade de expressão podem ser evitados com essa ferramenta, disponível tanto para computador quanto para dispositivos móveis.
Fonte: Needpix